Este trabalho visa a analisar como se dá o processo da construção das subjetividades femininas em A instrução dos amantes (1992), de Inês Pedrosa, e em Niketche: uma história de poligamia (2002), de Paulina Chiziane. Cláudia, protagonista de Pedrosa, passa de uma subjetividade moderna a uma condição feminina tradicional. Ela representa, dessa forma, a não-consciência dessa permanência do papel tradicional da mulher. Embora tenha meios, ela não consegue se libertar; portanto, assume um papel de submissão. Já Rami, protagonista de Chiziane, de uma subjetividade “tradicional” na sociedade moçambicana, que inclui respeito e obediência ao homem no seio familiar, passa a uma condição “moderna” frente às tradições. Representa o esboço da consciência de uma nova mulher africana, assumindo um papel de subversão. Perpassando essas construções, o amor aparece como fio condutor das duas narrativas, e sua presença nas vidas dessas mulheres será definidora dos caminhos percorridos por essas personagens no processo de construção de suas subjetividades.