pesquisadores da literatura do século XIX, sobretudo do romance. Gênero ainda em processo de consolidação ao longo do Oitocentos, o romance encontrou nos periódicos espaço de divulgação e debate. A pesquisa em periódicos permite evitar certos anacronismos em que muitas vezes incorrem as histórias literárias quando se baseiam em critérios do presente para elencar autores e obras de uma determinada época, desconsiderando a leitura no período do qual pretendem tratar. A imprensa possibilita ao pesquisador conhecer elementos que as histórias literárias, não raro, negligenciam, tais como as preferências dos leitores e os critérios de avaliação crítica da produção artística. Neste trabalho temos por objetivo refletir sobre os critérios de avaliação de romances em meados do século XIX a partir da circulação e da recepção crítica de um romance brasileiro (A filha da vizinha, de Antonio José Fernandes dos Reis) festejado em sua época de surgimento (meados do Oitocentos) e posteriormente esquecido.Tal romance destoa dos critérios por meio dos quais passou-se a avaliar a prosa de ficção a partir de fins do século XIX e início do XX. No entanto, o sucesso que obteve junto aos críticos que se expressavam na imprensa quando de sua primeira publicação em um periódico (O Correio da tarde, em 1859) indica que ele estava em perfeita consonância com os parâmetros que norteavam a apreciação de romances naquele momento, tendo sido, inclusive, recomendado em detrimento de romances hoje canônicos. Estudar essa recepção proporciona o conhecimento desses parâmetros e uma melhor compreensão do universo letrado de meados do Oitocentos, assim como da leitura de romances naquele período.
Palavras-chave: Periódicos. Século XIX. Romance. Leitura.