O objetivo deste trabalho é analisar o romance Cinzas do Norte (2005), de Milton Hatoum, verificando quais são as relações das categorias estéticas melancolia e resistência com o contexto histórico da Ditadura Militar, de 1964, no Brasil. Partindo da ideia de que a teoria com a qual estamos lidando é marcada pela melancolia segundo Walter Benjamin. Nesse sentido, examinamos como a arte, que é parte de composição da narrativa e, também de forma as referências memorialísticas, utilizadas enquanto estratégias ficcionais de resistência ao regime de repressão, em particular, ao autoritarismo e como estes elementos servem de base para problematizar os regimes de imposição instaurados no período da Ditadura Militar, em 1964, no Brasil. Dessa forma, pretendemos com base em algumas abordagens teóricas, relacionadas à resistência, à melancolia e à memória, verificar os diversos processos de representação em narrativas literárias. Mediante essas abordagens iremos verificar quais consequências estão ligadas ao período ditatorial, e como elas fazem parte da compreensão do sujeito melancólico. Para dar conta de tal compreensão selecionamos dois aspectos da estrutura narrativa. O primeiro é o personagem, em particular, o personagem Mundo e o segundo é o tempo. Assim, esses dois elementos surgem neste trabalho como núcleo norteador para compreensão das categorias que estamos nos propondo a analisar. Portanto, nesse percurso nos apropriamos do campo teórico da psicanálise freudiana, para compreender também como a melancolia enquanto categoria estética pode ser entendida enquanto sentido de perda. Com relação ao tempo nos reportamos diretamente ao tempo da Ditadura Militar citado anteriormente, com vistas a asseverar que em tempos de ditaduras a melancolia surge como efeito de resistência.