A Balada de Narayama ou Narayama Bushiko (1956) é um romance de Shichir? Fukazawa (1914-1987), publicado em língua japonesa. Este foi traduzido para o francês por Bernard Frank como Étude à Propos des Chansons de Narayama (1959). O romance se baseia em uma lenda proveniente do norte do Japão que conta a jornada à montanha que os idosos devem realizar para o seu encontro final com a morte. É necessário salientar que as produções artísticas e literárias no Japão do Pós-Guerra, foram profundamente influenciadas por questões políticas e pelas mudanças que o Japão passou naquele período. Pois, o território japonês é ocupado pelas tropas americanas de 1945 a 1952, período em é imposta a primeira Constituição e uma censura que evitaria o ressurgimento de ideais Imperialistas japoneses (ROSA, 2000; NOVIELLI, 2007). Já no final desse período e no período posterior com mais força, temos a linguagem de experimentação, na literatura Fukazawa acessa uma linguagem mítica dos primórdios do Japão que remete ao período anterior à ocupação americana, onde se foca na relação entre o homem japonês e sua proximidade com a natureza, sendo que os insetos fazem a conexão entre os homens e as divindades em seus ciclos de nascimento e morte. O romance foi adaptado ao cinema em 1958, por Keisuke Kinoshita (1912-1998), através da estilização do teatro kabuki, e em 1983 por Shohei Imamura (1926-2006) por meio de técnicas de documentários etnográficos. Esse artigo objetiva realizar uma leitura política acerca do romance e suas respectivas adaptações esmiuçando os mitos, e suas representações fílmicas. O estudo parte da leitura do romance de Fukazawa em sua versão francesa e segue para um estudo de adaptação do romance tendo como base teórica Hutcheon (2013), além das teóricas em cinema japonês como Novielli (2007) e Rosa (2000).