Flávia Roberta Menezes de Souza (UFPA), Orientador: Dr. Gunter Karl Pressler (UFPA)
O romance Os Habitantes (1976) de Dalcídio Jurandir (1909-1979) possui como um de seus aspectos singularizantes o longo diálogo que se estabelece entre os personagens Alfredo e Floremundo. O diálogo possibilita a leitura de arquétipos: o homem experiente (Floremundo) e o jovem aprendiz (Alfredo) trocam experiências de vida. O momento em que os dois se revelam um ao outro pela linguagem é entrelaçado pelas memórias dolorosas que ambos carregam consigo. Dessa forma, o presente estudo, por meia da descrição dos discursos direto, indireto e indireto livre (BAKHTIN,1986), tratará do diálogo como mecanismo de auto revelação do personagem e da memória, pois "somente na comunicação, na interação do homem com o homem revela-se o 'homem no homem' para outros ou para si mesmo" (BAKHTIN, 2010, p. 292). A relação arquetípica entre Alfredo e Floremundo é evidenciada ao passo que o diálogo se concretiza ao longo do romance.