Déborah Almeida Rabelo (UFAM), Cássia Maria Bezerra do Nascimento (UFAM)
A mulher prostituta consiste historicamente em uma figura negada pela sociedade, julgada como um desvio da moral vigente. Ao ser transformada em elemento literário, não perde essa carga negativa que acompanha a sua existência - exceções ocorrem quando, após uma vida pecaminosa, ela é salva pelo amor de um homem pertencente àquela sociedade ideal, e então é iniciada em um processo de purificação, transformando-se em uma figura socialmente aceitável. Contudo, esse enredo embebido da essência do Romantismo não é a única opção de retratar essa figura controversa. Este trabalho, portanto, se propõe a realizar uma análise sobre o modo singular pelo qual a imagem da prostituta Ilda é construída no conto “A Pausa”, do livro “O outro e outros contos”, do escritor amazonense Benjamin Sanches. Explorando um caminho não convencional, Sanches abre mão de um previsível olhar externo - carregado de sensualidade e com enfoque ao romantizado processo de regeneração - nos apresentando então uma narrativa realizada pela própria Ilda, por meio de uma abordagem existencial em que a personagem esboça um processo de reflexão sobre sua identidade, aqui analisada sob o viés da teoria lacaniana do “Estádio do Espelho”, da representação social atribuída à prostituta e do Existencialismo desenvolvido por Sartre.
Palavras-chave: Benjamin Sanches, Literatura Amazonense, Prostituta