O longa-metragem O Homem das Multidões (2013) de Cao Guimarães e Marcelo
Gomes é livremente inspirado no conto homônimo de Edgar Allan Poe (1840). Neste artigo
vislumbramos as personagens do filme enquanto arquétipos de uma sociedade industrial
moderna e contemporânea, refletindo o processo de isolamento do indivíduo e da massificação
das estruturas sociais, identificados, notadamente, por pensadores tais como Walter Benjamin,
Siegfried Kracaeur e Ben Singer. Nossa análise busca introduzir os diferentes entendimentos da
episteme contemporânea e o moderna, suas problemáticas e embates. A partir dessas
personagens, remontamos também o passado histórico da imagem fotográfica e
cinematográfica, trazendo à luz a figura do flaneur, a questão dos hiperestímulos e a crise da
atenção na modernidade.