Essa pesquisa tem como intenção analisar alguns elementos da paisagem urbana contemporânea da cidade de Porto Velho, Estado de Rondônia, Amazônia, em perspectiva comparativa com as representações da literatura histórica e de ficção produzida sobre a cidade, mas também em comparação com as representações da literatura de ficção e da crítica literária produzida sobre a Amazônia nos últimos cem anos. A análise incidirá sobre os processos de intervenções que expressam os padrões políticos do poder, como também os padrões econômicos, estéticos e culturais da vida local e que se relacionam com a promoção da fragmentação, da falta de unidade, da distorção e até mesmo da própria destruição de certos elementos da paisagem urbana contemporânea da cidade de Porto Velho. Nossas referencias teóricas irão se basear no diálogo com autores como João Henrique Bonametti que influenciado por Walter Benjamin entende o conceito de paisagem urbana como produto de complexas percepções do homem sobre ela. De acordo com esse autor, as paisagens não devem ser lidas apenas sobre o que vemos nelas, mas também a partir da identificação e sensibilidade que possam despertar nas pessoas. Esse conceito de paisagem urbana envolve além do que vemos nelas, também os objetos, as luzes, cores, sons, histórias, impressões e memórias que possam conter. Esse conceito de paisagem urbana, por outro lado, nos leva ao estudo da literatura de ficção produzida sobre a cidade de Porto Velho e sobre a Amazônia, bem como a crítica literária que se debruçou sobre ela. Sobretudo se considerarmos as possibilidades da paisagem urbana de Porto Velho - através das suas formas fragmentadas, distorcidas ou destruídas - nos revelar as imagens simbólicas de uma trágica vida urbana em relação ao avanço da inserção da cidade ao capitalismo nacional e internacional. Imagens que se relacionam, por sua vez, com os enredos apocalípticos, com os enredos trágicos e violentos, com as imagens de ruínas percebidas em boa parte da literatura de ficcção da Amazônia e que foram percebidos por críticos como Francisco Foot Hardman e Jaime Gizburg, ambos influenciados por Walter Benjamin. Somado a alguns nomes da literatura amazônica produzida nos últimos cem anos nós pretendemos também para utilizar para o desenvolvimento dessa pesquisa, algumas obras de historiadores e críticos literários tais como: Manoel Rodrigues Ferreira e sua obra A Ferrovia do Diabo; Euclides da Cunha e sua obra À margem da História; Francisco Foot Hardman e sua obra A Vingança da Hiléia: Euclides da Cunha, a Amazônia e a literatura moderna; e Allison Leão e sua obra Amazonas: natureza e ficção. Autores que demonstram através de suas obras como as representações literárias acerca do desenvolvimento de uma civilização nos trópicos amazônicos sempre foram permeadas por processos ambíguos, fragmentados, incompletos e destruidores da natureza. Processos que sempre impuseram violência e opressão aos habitantes da grande floresta através do avanço da racionalidade capitalista na região Amazônica, sobretudo a partir de inícios do século XX.
Palavras-chave: PAISAGEM URBANA, PORTO VELHO, ESTÉTICA, POÉTICA DAS RUÍNAS