Em 1998, quatro anos depois do Genocídio de Ruanda, diante da constatação do silêncio africano sobre o massacre, Nocky Djedanoum e Maïmouna Coulibaly lançaram a Opération Rwanda: écrire par devoir de mémoire. Organizaram oficinas de escrita em lugares do genocídio com dez escritores de diversos países da África, na tentativa de construir uma memória africana sensível do genocídio sem mediadores ocidentais, através daquilo que Djedanoum chamou de "partilha do luto" e de "solidariedade testemunhal". Entre os escritores convidados, estava o guineano Tierno Monénembo, que publicou em 2000 o romance "L"ainé des orphelins". No entanto, a obra não está implicada em participar de uma missão de rememoração do passado nem de elaboração do luto. Antes, ocupa-se de contar o pós-genocídio: o que aconteceu com aquela população que restou, sobretudo com os órfãos, nas ruas ou na prisão. Este artigo pretende investigar o modo como esse prisma permite ao escritor lançar um olhar crítico ao próprio trabalho de elaboração da tragédia, deslocando o foco do genocídio para suas construções representativas, principalmente em relação à mídia associada ao turismo.
Palavras-chave: GENOCÍDIO DE RUANDA, DEVER DE MEMÓRIA, TIERNO MONÉNEMBO, L"AINÉ DES ORPHELINS