O presente trabalho procura fazer um estudo sobre alguns aspectos culturais os quais permanecem em trânsito entre o passado e o contemporâneo através de alguns poemas compostos pelo poeta José Aras. Este nasceu em Euclides da Cunha, cidade localizada a 314 Km de distância da capital do Estado, incluída no polígono das secas e faz parte do sertão baiano. Por meio dos poemas escritos por Aras tomamos conhecimento sobre os costumes, as festas tradicionais referentes à localidade da qual o escritor faz parte, e assim demonstra a diversidade e riqueza da região bem como a pluralidade da identidade sertaneja. Podemos observar, também, a preocupação do poeta com questões políticas e Históricas, ao mesmo tempo em que denuncia a arbitrariedade e os abusos do poder dominante. Todas essas questões são apresentadas nos versos do poeta, com destaque para os versos em cordel, estilo literário que teve início no século XVI com a impressão dos relatos os quais, inicialmente, eram feitos pelos trovadores. Aqui no Brasil a literatura de cordel chega durante o início da colonização, trazida pelos portugueses e foi no Nordeste, a região em que mais se desenvolveu. Desde sua introdução, notamos que a literatura em cordel, como expressão da arte popular, vem acompanhando as transformações do tempo, na medida em que seus autores, procuram falar sobre os mais diferentes temas que fazem parte de uma época e que permanecem atuais na contemporaneidade, adquirindo novas leituras e significados. Nesse sentido Canclini (2008) nos lembra que “as obras não contém significados fixos, estabelecidos de uma vez e para sempre”, mas que pode adquirir interpretações diferentes. Assim, tanto a obra em si pode perder o seu sentido primeiro como gerar novos significados na abordagem dos temas. Dessa forma procuramos compreender como os versos de José Aras abordam questões importantes para discutirmos situações surgidas em épocas passadas, mas que se fazem presentes na atualidade e por isso há a necessidade de que sejam problematizadas. Diante do que propomos torna-se necessário às discussões abordadas por Giorgio Agamben (2009) a respeito do que é o contemporâneo. Para o autor ser contemporâneo significa manter uma relação com o tempo e ao mesmo tempo afastar-se dele para discutir e enxergar os problemas que o permeiam. Para embasar nossas leituras utilizamos, ainda, as reflexões realizadas pelos teóricos: Eneida Leal Cunha (2006), Luis da Câmara Cascudo (1973), Marilena Chaui (s/a), Zilá Bernd (2003). Franklin Machado (1980), Idelete Santos (2006).
Palavras-chave: PASSADO, CONTEMPORANEIDADE, LITERATURA DE CORDEL, JOSÉ ARAS