Esta apresentação sobre a peça Pai Antônio, 1989, do dramaturgo paraense Nazareno Tourinho1, ainda não encenada2, embora escrita há quase três décadas. O exercício de análise será sobre a narrativa, segundo o autor, brechtiana e possíveis indicações para o espetáculo, por ora, hipotética encenação. Não há como negar, a presença dos ensinamentos de Brecht na tessitura deste texto, o autor segue princípios do, assim considerado, iniciador do teatro épico nos palcos mundiais. Um dos méritos desta composição textual é que, escrita antes do acesso, quase que irrestrito, às novas tecnologias, exige um espetáculo teatral multimidiático em diálogo com os recursos, enfoques, métodos de re(a)presentação das artes visuais. Prática tão em voga nos últimos tempos. O próprio autor rende-se às inovações tecnológicas e indaga “Mas o que se há de fazer se a arte cênica, como todas as outras, está permanentemente renascendo para novas formas?” (TOURINHO, 1989). Além desse aspecto contemporâneo no modo de escrever, Tourinho traz vozes outras à história oficial mal contada. Mal contada porque veicula, via de regra, apenas vozes do vencedor. Felizmente, há muito que as pretensas verdades dos fatos históricos têm sido questionadas em sua soberba arrogância de desejar que apenas uma explicação, relato, registro dê conta ou abarque todos os aspectos de algo acontecido.