RESUMO No contexto letrado da sociedade atual, observa-se a difusão cada vez mais generalizada de novas formas de leitura e de escrita, pautadas pelas novas tecnologias, em crescente acesso à população em geral, e presentes no cotidiano. Tais meios de comunicação eletrônica, baseados em suportes físicos como o computador, leptop, notebook, netbook, celular, dependem de conexão via internet, a fim de exercerem uma complexa e ilimitada coexistência em rede, a “web”, na qual todos querem estar, ainda que nem todos ainda o possam. Tais modalidades de comunicação, pautadas por tecnologias em constante evolução e aprimoramento, dissolveram as fronteiras do tempo e do espaço, e modificaram, inclusive, as relações estruturais do texto, introduzindo novas formas de linguagem, de leitura e de escrita, bem como de pensamento, modificando, inclusive, as relações sociais e interpessoais, atualmente mais e mais pautadas e dependentes dos aparatos tecnológicos, no advento do “tecnotexto”, de extrema plasticidade e multimodalidade. Tal ressignificação dos usos e formas de linguagem, particularmente da linguagem escrita, elemento central, porém não exclusivo nessas plataformas, acarretou inclusive em deslocamentos relevantes e desafiadores dos sujeitos autor e leitor, transformando, desconstruindo e reconstruindo constantemente a dimensão e a relação dessas funções na superfície do texto e na composição dos discursos, de diferentes temas, funções e naturezas, no bojo maior e em franca expansão da cibercultura. Diante desse quadro, novo, instável e desafiador, coloca-se a questão: como a escola tem lidado com essa nova realidade, que lhe impõe, de fato, essas novas práticas de leitura e escrita, quebrando, basicamente, a linearidade da leitura convencional, preponderante na cultura impressa? As linguagens multimodais, que tanto seduzem os alunos, especialmente os jovens e adolescentes, têm tido lugar na sala de aula, especialmente nas aulas de Língua Portuguesa e Literatura? E os professores, como têm sido preparados para adotar essas tecnologias e novos formatos de texto - hipertexto, para além de um simples modismo que implique em tão-somente “trocar o quadro pela tela”, mas lançando mão de estratégias de ensino consistentes, teoricamente fundamentadas e adequadas a essa realidade, irreversível? Essas são algumas das questões que o presente trabalho pretende levantar e discutir no âmbito do simpósio, com vistas a promover uma importante reflexão sobre o papel do hipertexto e dos gêneros digitais no ensino de Língua Portuguesa e Literatura, considerando seus múltiplos desafios e possibilidades, analisando os trabalhos de autores como Luiz Antônio Marcuschi, Antonio Carlos Xavier, Luiz Fernando Gomes, Denise Bértoli Braga, Pierre Lévy, Roxane Rojo, dentre outros. O objetivo prático da pesquisa que aqui se esboça é detectar possíveis lacunas e deficiências nos cursos de Letras (vigentes em Salvador - BA) no que se refere a preparar e capacitar os docentes a trabalhar de maneira crítica e significativa com o hipertexto, a literatura e os gêneros digitais na escola, considerando, inclusive, a perspectiva da transdisciplinaridade preconizada pelos PCNs.