O presente trabalho propõe apresentar o início do percurso de uma leitura comparativa entre duas obras literárias produzidas no continente africano, uma em língua portuguesa e outra em língua francesa - Nós, os do Makulusu, do angolano Luandino Vieira, e Un fusil dans la main, un poème dans la poche, do congolês Emmanuel Dongala, respectivamente - utilizando, para além dos contributos de ambas as tradições críticas e da historiografia que focaliza o fato colonial, a perspectiva teórica do materialismo histórico. Assim, observando as convergências e divergências dos processos históricos em que os autores se inserem, o objetivo final é verificar como se constrói a representação da militância nos dois textos, tendo como pressuposto a noção de que, embora o objeto artístico possua certa autonomia, o contexto de produção das obras determina em grande parte, de maneira complexa, sua organização formal. Pretende-se também, por meio deste estudo, contribuir com o aprofundamento da compreensão do fato literário em contextos africanos que, embora vizinhos, como é o caso de Angola e da República do Congo, são pouco estudados comparativamente.
Palavras-chave: Representação; militância; Literatura angolana; Literatura congolesa