O presente trabalho interpreta como se dá a questão da verdade no romance A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector. Entendem-se as questões como temas ontológicos, os quais não cabem definições, tais como a vida, a morte, o amor, a liberdade ou, na questão prioritária deste trabalho, a verdade. A literariedade, ou seja, o que diferencia a obra literária da não-literária, é o desvelamento dessas questões. A paixão segundo G.H. não se resume à questão verdade, porém, em nossa interpretação, identificamos esta pergunta como o que direciona a trajetória da personagem G.H. Ela vivia apoiada em conceitos que se baseavam em uma noção de verdade antropocêntrica, tendo o homem como medida e no sentido de correção ou adequação do pensamento. Ao tomar contato com uma barata em um quarto vazio, a personagem dá início a uma radical travessia, questionando seus conceitos e passando a experimentar a verdade como alethéia, palavra grega para o desvelamento das questões. Neste trabalho, de modo a aprofundar a questão da verdade, e tendo como horizonte a obra de Clarice, estabeleceu-se o diálogo com o pensamento de Martin Heidegger, Friedrich Nietzsche, Platão, entre outros.
Palavras-chave: A paixão segundo G.H., verdade, questão, nada.