Aline Maria dos Remédios Pantoja, Elizier Junior Araujo dos Santos, Juliana Maia de Queiroz
A Literatura, arte de criação da escrita, proporciona ao leitor uma das suas grandes proezas: o reflexo das percepções sensoriais do próprio ser humano ao se deparar com os escritos de uma produção literária seja ela em prosa, poesia, crônica etc. Em Morte e Vida Severina, obra de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), percebemos esta correspondência das percepções internalizadas na relação entre obra e leitor através das imagens criadas a partir do caminhar deste sobre as linhas versificadas que estruturam o referente texto. Assim, tentaremos nortear as diferentes leituras entre a visualidade e a obra literária, enfatizando, sobretudo, o diálogo em relação às nuances estéticas e existenciais da percepção do texto-imagem e o processo de pensar e refletir sobre o texto literário como uma prática que infere e revoluciona diferentes saberes de mundo, arte literária que segundo Pound (2006), “é linguagem carregada de significado até o máximo grau possível” (p.32). Trabalhado no projeto Pibid em caráter de oficina, a obra será interpretada a partir da construção realizada pela recepção dos alunos frente às referências que sinalizam a presença da imagética a cada verso, realçando a importância da plasticidade transcendente ao conceito comum da palavra. Tomando como base a ideia de Barthes (2013) de que a narratividade é desconstruída, vemos perfeitamente que na obra de João Cabral existe a ocorrência desse fato, entretanto não se trata exatamente de uma desconstrução do texto literário, mas da transformação que este toma na presença da recepção imagística quando tocada pelo leitor. É um trabalho, portanto, que pretende corroborar o estudo da Literatura enquanto campo de ideias que extrapolam as linhas do texto, levando o leitor a considerá-lo um palco de imagens, ritmos, cores e sentimentos semeados a partir da fruição e compreensão da obra, privilegiando as motivações e vivências com as linguagens artísticas.
Palavras-chave: Literatura. João Cabral de Melo Neto. Imagética. Pibid.